O
conhecimento do corpo humano através do tempo
CORPO PRESENTE
Pesquisa desenvolvida na FE mostra como corpo humano foi visto ao longo da história
Pesquisa desenvolvida na FE mostra como corpo humano foi visto ao longo da história
A forma como o corpo humano é visto e entendido sofreu inúmeras
transformações ao longo da história. Na Idade Média, por exemplo, ele era
considerado profano pela Igreja Católica. O papa Gregório Magno chegou a
classificá-lo como “abominável vestimenta da alma”. No Renascimento, porém, o
corpo ganhou novas representações, algumas ainda em vigor. “Na Renascença, teve início o
que classifico de projeto educativo de racionalização do corpo. Graças ao uso
de imagens, sobretudo as produzidas pela anatomia, foram construídas novas
idéias e imaginações sobre essa estrutura física”, afirma Vinícius Demarchi
Silva Terra.
(...) a anatomia começou a ganhar espaço como
um saber oficial no período em que o homem passou a ter necessidade de dominar
e colonizar outras sociedades. “O que os cirurgiões da época fizeram, após
articular-se com os representantes do poder da época, foi criar uma produção
cultural, de modo a sistematizar e consolidar a anatomia. Para atingir essa
meta, eles usaram a tecnologia de difusão mais avançada no momento, que era a
imprensa”, como esclarece Vinícius Terra.
A ação compreendia o emprego da
imprensa para reproduzir gravuras extremamente detalhadas do corpo humano. À
época, os “anatomistas” chegaram a encomendar obras nesse sentido a alguns dos
mais renomados pintores em atividade, como Ticiano, um importante pintor da escola
veneziana no período do Renascimento. “Essas gravuras eram posteriormente
enviadas para os melhores impressores da Europa. As produções eram tão bem
feitas, que hoje são consideradas obras de arte”.
Em algumas cidades européias,
como Pádua e Montpellier, foram criados os teatros anatômicos, nos quais eram
realizados verdadeiros espetáculos de dissecação de cadáveres, sob a forma de
aulas de anatomia. As demonstrações, de caráter público, eram normalmente
realizadas durante o Carnaval. “Tratava-se de um período propício, tanto por
ser inverno, o que evitava a rápida decomposição dos corpos, quanto por
ser uma época profana segundo o
calendário católico”, esclarece Vinícius Terra. Conforme o pesquisador, os
teatros eram divididos para receber o público comum e os convidados especiais.
Além disso, durante as
dissecações, há relatos da utilização de máscaras pelo público, como se este
estivesse participando de uma festa carnavalesca. Concomitantemente, ocorriam
apresentações musicais, diálogos cênicos e até mesmo pregações por parte de
membros da Igreja, que aproveitavam a oportunidade para falar do destino do
homem. De acordo com os clérigos, o que se via ali era apenas carne, que nada
valia. O importante era cuidar do espírito. “Tudo isso acabou se constituindo
em uma produção cultural da época, que ajudou a consolidar o paradigma
anatômico.”
Trecho da reportagem - Corpo Presente. Campinas, 20 de
outubro a 2 de novembro de 2008 – Nº 414
Jornal da Unicamp - Universidade Estadual de Campinas / ASCOM
- Assessoria de Comunicação e Imprensa
e-mail: imprensa@unicamp.br - Cidade Universitária "Zeferino Vaz" Barão Geraldo - Campinas - SP
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Pintura de Rembrandt (1962),
retratando a
dissecação de
um corpo humano.
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